Índice revela que China se aproxima dos EUA em setores estratégicos como IA, chips e biotecnologia
Um novo mapa de poder mundial está sendo desenhado
A tecnologia molda o futuro — não só no crescimento econômico, mas também na geopolítica e na segurança militar. Um estudo recente da Universidade de Harvard, publicado em 5 de junho, avaliou a liderança de 25 países em cinco setores-chave: inteligência artificial (IA), semicondutores, biotecnologia, tecnologia espacial e computação quântica. Embora os Estados Unidos ainda ocupem o topo, o avanço da China e de outras nações revela um cenário em transformação.
Estados Unidos: líderes, mas sob pressão crescente
A posição americana continua dominante, especialmente na inteligência artificial. O país detém liderança em poder computacional e abriga gigantes como OpenAI e Nvidia. Ainda assim, políticos americanos tratam o tema como questão de segurança nacional. O vice-presidente JD Vance chegou a chamar o avanço da IA de “corrida armamentista”.
No entanto, a China já rivaliza com modelos ocidentais. O DeepSeek R1, por exemplo, oferece desempenho similar a preços significativamente mais baixos. A vantagem chinesa se baseia em:
- Políticas mais flexíveis sobre privacidade de dados;
- Grande volume de talentos em ciência da computação;
- Forte produção científica (23% dos artigos sobre IA em 2023, contra 9% dos EUA).
Índia: potência em potencial, mas ainda distante da liderança
A Índia aparece na 10ª posição geral, e na 7ª colocação em IA. Com vasta mão de obra qualificada e milhões de usuários digitais, o país tem potencial. No entanto, falta investimento robusto e infraestrutura de dados de treinamento, essenciais para o desenvolvimento de grandes modelos de linguagem.
Semicondutores: o campo mais estratégico da disputa
O setor de chips é o mais relevante no índice, e aí a vantagem americana é mais frágil. Os EUA lideram no design, mas o Leste Asiático domina na fabricação, com destaque para:
- China
- Japão
- Taiwan
- Coreia do Sul
Taiwan, por exemplo, abriga a TSMC, responsável por até 90% dos chips mais avançados do mundo. Já a ASML, na Holanda, é a única empresa capaz de fabricar as máquinas de litografia ultravioleta extrema (EUV), fundamentais para a produção de chips de última geração.
Biotecnologia: EUA lideram na pesquisa, China na produção
Os Estados Unidos ainda são referência em engenharia genética e desenvolvimento de vacinas, mas a China avança com força em:
- Produção de medicamentos;
- Formação de cientistas especializados;
- Expansão massiva de infraestrutura de pesquisa.
A Europa, apesar da excelência acadêmica, ainda enfrenta dificuldades para converter ciência em negócios lucrativos. Já a Rússia tem destaque apenas no setor espacial — um resquício de sua herança soviética.
A supremacia americana corre riscos?
Apesar da liderança atual, os EUA enfrentam desafios internos que podem comprometer sua posição:
- Redução no financiamento à pesquisa;
- Restrições à entrada de talentos estrangeiros;
- Pressões políticas sobre universidades.
Essas medidas, especialmente durante o governo Trump, podem afetar negativamente o ecossistema de inovação americano.
China: crescimento coordenado e voltado à aplicação prática
A ascensão chinesa é estratégica. O país investe mais na aplicação comercial da tecnologia do que em avanços teóricos. Isso pode representar uma vantagem decisiva, já que o futuro da liderança global dependerá não apenas de quem cria, mas de quem aplica primeiro as ferramentas tecnológicas.
Conclusão: o futuro da liderança global será tecnológico
A corrida tecnológica global está longe de ser decidida. Os EUA ainda lideram, mas enfrentam uma concorrência agressiva — principalmente da China. O índice de Harvard revela que poder militar, influência econômica e domínio tecnológico estão profundamente interligados. Os próximos anos mostrarão quem saberá combinar inovação, aplicação e escala.